O Dia e a Noite de Brahma

A Dança Cósmica


Saudações aos fráteres e sórores da Conscendo,

Hermes Trismegisto, ou Hermes, também conhecido como 'três vezes grande', refere-se a um grupo de iniciados que não faz parte da corrente evolutiva terrestre. Em eras pré-diluvianas, esse círculo revelou verdades incontestáveis e atemporais que fundamentaram os alicerces do pensamento esotérico egípcio. Essas verdades lançam luz sobre os maiores segredos do nosso universo.

Entre suas obras, notáveis são o Corpus Hermeticum, a Tábua Esmeralda e o Caibalion. Esta última merece destaque, pois nela estão delineadas as leis herméticas, as quais são, por si só, as regras fundamentais de nosso universo. Tais leis têm o poder de impulsionar a ascensão de qualquer indivíduo disposto a meditar profundamente sobre elas.

Um dos princípios fundamentais refere-se à ritmicidade cósmica, esclarecendo que "tudo segue um movimento de fluxo e refluxo, tudo está sujeito às suas marés, a expiração precede a inspiração, tudo sobe e desce, o ritmo é a compensação". Esta lei aplica-se a tudo o que conhecemos, inclusive a Deus.

A ciclicidade macrocósmica manifesta-se em duas fases: o dia (manvântara) e a noite de Brahma (pralaya). Na noite de Brahma, ou inspiração, o universo mental conhecido retrai-se e dissolve-se, dando lugar ao silêncio absoluto. Durante esse sono, o Ser Magnânimo deixa de se manifestar concretamente, compactando-se na unicidade, em um período de descanso real. Em termos mentais, o tempo de duração desse repouso corresponderia a decatilhões de anos de nosso calendário.

Durante o sono de Brahma, o mental se dissolve, e tudo converge de volta à Fonte, reunindo as formas e o espírito no seio do Totipotente imanifesto. Após esse extenso descanso, emerge a vontade de se expressar novamente, o impulso de tornar-se ativo e expansivo. É nesse momento que ocorre o Big Bang, o Uno que se fragmenta para dar origem à prole, uma combinação dessa matemática dual.

O universo mental é primariamente binário, um arranjo infinito de zeros e uns, sendo que dessa aglutinação origina-se toda forma que é expressa, em suas incontáveis dimensões.

Deus, portanto, se fractaliza, dando origem a diversas versões de Si mesmo, cada uma com misturas personalísticas distintas e únicas, visando expandir Sua consciência.

Esses fractais originados são expansões divinas, o próprio Deus particularizado e restrito, dotados de uma falsa sensação de separatividade. Individualizações com infinitos tipos e nuances de personalidades, que atuarão no palco universal, a fim de obterem conhecimento para si e para o Uno.

Nós, portanto, somos esses fractais, reproduções precisas da Fonte, imersos nos véus obliterantes das densidades mais densas. Essa imersão nas limitações de nossos dons primevos, tem como propósito o aprendizado de como superar essas restrições, aprimorando e expandindo nossa consciência.

Ao contemplarmos o próximo, observamos outro aspecto de nós mesmos, originado da mesma Fonte. Não existem 'os outros', apenas 'nossos outros eus', cujas experiências passadas, diversas das nossas, moldam pensamentos e ações de maneira distinta, por vezes de forma incompreensível.

Quem é Deus? Somos nós mesmos, bem como o nosso próximo e toda a expressão consciente do universo; suas cópias perfeitas, limitadas em diversos graus, falsamente e temporariamente separadas de Si. Somos a própria Fonte, atuando em planos mais limitados.

No futuro, regressaremos ao ponto de origem, à mesma Fonte da qual emergimos – a nós mesmos, ao nosso verdadeiro Eu. Esse retorno será enriquecido por zilhões de novas experiências, uma vez que as vivências de todos os outros fractais, serão integradas à nossa consciência.

Na unificação, não há dissolução ou anulação do ser; há apenas a integração dos outros eus no Uno que representamos. O José, o João, o Marcos seguirão existindo, mas agora carregando consigo a bagagem de todos os infinitos outros eus que cursaram as aulas daquele dia Brahmânico.

Considerando a Fonte como a consciência original, focada no plano mais sublime concebível, podemos dizer que sem Sua fractalização, e consequente experiência na limitação, Ela é incapaz de evoluir e sem a Fonte, nós somos incapazes de existir. Se bem que essa afirmação trata-se de um equívoco, próprio das abordagens mentais, mencionada apenas para fins didáticos, uma vez que Nós e a Fonte somos Unos.

No Caibalion, em mais uma de suas leis herméticas, é afirmado: "Assim como é em cima, assim é embaixo". O estimado fráter pode observar que o microcosmo reproduz de maneira perfeita o macrocosmo, e vice-versa. Tal como a Fonte, temos nosso sono diário, refletindo também todos os Seus outros aspectos. Isso destaca a noção de infinitude, onde a própria Fonte espelha uma Entidade Macrocósmica ainda mais expandida que Ela mesma.

O mais interessante é que, depois de decorridos incontáveis dias e noites de Brahma/a Fonte, o próprio Brahma (nós mesmos unificados) retornará e se unificará com uma Fonte ainda mais grandiosa que Si.

Sinceros desejos de Ascensão
Conscendo Sodalitas