Despertando o Mestre Interior

A Importância da Autossuficiência


Saudações aos Fratres e Sórores da Conscendo,

Para nós, que habitamos o reino da Conscendo, os eventos que se desenrolam no plano mental da Terra, por mais impactantes que sejam, não ocupam o centro da nossa atenção. As transformações que se manifestam nesta simulação, embora admiráveis, são vistas como parte de uma experiência mais ampla. Priorizamos a busca por um nível de compreensão que transcende as ilusões dos mundos dos sonhos e das aventuras matriciais. Acreditamos que a verdadeira realização da alma reside nesse patamar de entendimento, onde desvendamos nossa essência real, bem como os elos de causa e efeito que nos trouxeram a essa vivência presente.

Compartilhamos com a escola de pensamento hinduísta Advaita Vedânta a compreensão de que o universo é uma unidade, onde cada expressão é uma manifestação da divindade, e que o mundo das formas, tal como percebemos, é de natureza ilusória. Essas verdades ressoam profundamente com a nossa visão, servindo como um ponto de partida para nossa exploração da realidade. Reconhecemos o valor dessa antiga tradição e seu papel no despertar da humanidade, mas, ao mesmo tempo, identificamos pontos de divergência que consideramos essenciais para o nosso próprio caminho. É com respeito e abertura que apresentamos nossas reflexões, buscando um entendimento mais amplo e profundo da verdade.

Discordamos da visão tradicional do karma como uma lei de causa e efeito inflexível, uma espécie de balança cósmica onde cada ação, boa ou má, é registrada e deve ser "saldada" em vidas futuras. Imagine um sistema educacional que reprovasse um aluno do ensino médio com base em um teste ruim feito no jardim de infância. Seria um absurdo, não é mesmo? A criança evoluiu, aprendeu e se transformou. Da mesma forma, nós também evoluímos e não somos os mesmos de ontem.

Para nós, da Conscendo Sodalitas, o karma não é uma sentença, mas sim um processo de aprendizado. Não somos reféns de um passado que não existe mais, mas sim cocriadores do nosso presente e do nosso futuro. O que importa não é o que fizemos ou deixamos de fazer em outras vidas, mas sim o que escolhemos ser e fazer agora. Acreditamos que o karma é uma construção mental, um ciclo de culpa e dívida que nós mesmos criamos e mantemos através de nossas crenças e pensamentos limitantes. Liberar-se do karma significa dissolver esses padrões, aceitando que somos seres ilimitados com o poder de transformar a nossa própria realidade.

Imagine um grande banco de dados universal, onde cada ação é anotada como um débito ou crédito. De acordo com essa visão, seríamos como prisioneiros de nossos atos passados, destinados a colher o que plantamos em existências anteriores, sem a possibilidade de alterar esse destino. Essa interpretação, comum em muitas religiões, nos parece um mecanismo de controle, que gera medo e culpa, impedindo o nosso verdadeiro avanço espiritual. Essa visão cria uma mentalidade de punição e recompensa, que nos mantém presos a padrões repetitivos de sofrimento e limitação.

Não afirmamos que não existem causas e efeitos, mas não da maneira que nos foram ensinadas. O karma não é uma conta numérica a ser saldada matematicamente à risca, mas os efeitos podem ser alterados e dissolvidos dependendo da jornada individual do perpetrador dos eventos.

Ademais, sob visão ampliada, vivenciamos diversas linhas do tempo simultaneamente, onde somos todos e, ao mesmo tempo um, assim como não existem passado nem futuro. Sendo assim, como atribuir uma linha de eventos negativa ou positiva somente a um fractal particular, nesse emaranhado de realidades?

Outro ponto de divergência consiste na crença da necessidade de um Mestre ou Guru para alcançar a iluminação. Acreditamos que todo o conhecimento e sabedoria residem em nosso interior, e que a verdadeira iluminação é um processo de autodescoberta que não depende de intermediários.

Delegar nossa soberania a uma figura externa, por mais iluminada que ela pareça, é abrir mão de nosso próprio poder e capacidade de encontrar a verdade em nosso íntimo. É como entregar as chaves do nosso reino para outra pessoa, quando, na verdade, nós somos os reis e rainhas da nossa própria experiência.

A autossuficiência é essencial no caminho da iluminação, e a busca por um Mestre externo pode levar à dependência, à subjugação e até mesmo à manipulação. Muitas vezes, buscamos em outros a validação que já possuímos dentro de nós. Acreditamos que a jornada de despertar é um caminho único, individual e intransferível, e que cada um de nós tem a capacidade de encontrar a própria luz, sem a necessidade de um guia externo.

Por fim, discordamos da visão que promove uma atitude passiva diante das experiências da vida, incentivando a mera observação do mundo ilusório sem qualquer intervenção.

Embora reconheçamos que a realidade é um reflexo do nosso estado de existência e que tudo está em perfeito equilíbrio, sob uma perspectiva ampliada, acreditamos que a essência da consciência é dinâmica, criadora e transformadora. Não somos meros observadores de um drama, mas sim os autores e protagonistas de nossas próprias experiências. Retirar-se para uma caverna e observar a vida passar não faz jus à nossa natureza exploradora e transformadora.

Imagine um artista que cria uma obra-prima e, em vez de interagir com ela, simplesmente a observa à distância, sem se envolver com sua criação. Acreditamos que a verdadeira jornada é aquela em que nos engajamos ativamente na criação de mundos mais harmoniosos, elevando a frequência vibracional da realidade através de nossas escolhas conscientes. Somos arquitetos da nossa experiência, e a nossa missão é transformar o mundo a partir de dentro, emanando luz, amor e criatividade. A passividade não nos leva à evolução, mas sim à estagnação, e o nosso propósito é ir além do conhecido, ousando trilhar novos caminhos e manifestando o nosso potencial ilimitado.

A menção ao Advaita, que reconhecemos como uma doutrina de profunda relevância espiritual, serve apenas como um exemplo. Nossa abordagem se aplica a qualquer filosofia ou corrente esotérica que se proponha a desvendar os mistérios da existência.

O Budismo, por exemplo, postula que a raiz do sofrimento reside no desejo, propondo sua erradicação. Divergimos dessa visão, pois acreditamos que o desejo é a força vital que nos impulsiona à realização de nossos anseios, à apreciação da beleza e da harmonia, e até mesmo ao despertar da consciência e à iluminação.

A visão tradicional prega que o desejo é um obstáculo, um veneno a ser combatido para alcançar a paz e a iluminação. Contudo, para nós, o segredo não reside na aniquilação do desejo, mas sim em sua compreensão profunda. Aqueles que reprimem o desejo, ao nosso ver, se autodestroem, se paralisam, se tornam insensíveis e apáticos, renunciando à beleza da vida e à empatia. A chave está em decifrar a natureza e a função do desejo, em vez de tentar extirpá-lo. O desejo é uma propriedade intrínseca, um atributo da nossa existência, e não um problema a ser resolvido.

Como considerar o desejo algo negativo, quando ele nos impele a amar e ser amados? Quando é a chama que nos guia na senda do autoconhecimento, rumo ao despertar e à iluminação.

O objetivo deste texto não é desmerecer o Advaita Vedânta ou qualquer outra doutrina, que representam importantes etapas no desenvolvimento da espiritualidade humana, mas sim esclarecer que a compreensão da realidade está em constante evolução. As verdades de ontem podem ser superadas pelas verdades de hoje, e cada um de nós é responsável por buscar a sua própria verdade interior.

Assim como a ciência moderna, através da física quântica, vem revelando a influência da mente na realidade, a natureza não local do universo e a não linearidade do tempo, as verdades que apresentamos também refletem uma nova forma de entender o mundo.

Somos únicos e somos o todo, e não devemos nos apegar a nada externo a nós mesmos. Todo o universo reside em nosso interior, no presente, e a verdadeira iluminação consiste em reconhecer essa verdade. Não busque o que você deseja em nada externo a si mesmo, em nenhum mestre, guru, religião, Conscendo Sodalitas, ou em qualquer outra fonte externa. Fazer isso é delegar sua soberania e abrir mão de sua própria autoridade. Confie em sua intuição, abrace sua liberdade e crie a realidade que você deseja manifestar. Lembre-se, você é um ser divino, com poder ilimitado para cocriar a sua própria vida e influenciar o mundo ao seu redor. A sua jornada é única, e a sua luz é essencial para a evolução da consciência coletiva.

O propósito da fractalização é a criação de diversidade, na mistura de diversos tons de personalidade, que criarão experiências e individualidades únicas. Não exite em ousar, em adentrar uma compreensão própria e única, em deixar a intuição lhe ditar sua exclusiva filosofia. Este é o propósito dessa divisão fractalizada da Consciência, a manifestação de outras Consciências únicas, com temperos igualmente singulares. Seja seu próprio guru e crie sua particular filosofia.

Desperte do sonho agora, assuma o seu papel de protagonista e transforme o mundo com sua presença, sabedoria e amor. Ouse sonhar além dos limites, criar além do imaginado e amar além do conhecido.

Abraços fraternais, com muito amor e união.

Sinceros desejos de Ascensão
Conscendo Sodalitas