A Dança Enigmática do Ser

Celebrando a Consciência Pura


Saudações aos fráteres e sórores da Conscendo,

Nós nos encontramos novamente, com todos os nossos corações. O que poderíamos dizer de novo aos nobres fráteres e sórores? O que poderíamos acrescentar que vocês ainda não sabem? Sim, existe uma coisa: na verdade, não existimos como nos concebemos. Ninguém existe da forma comumente entendida.

Nossa expressão mental representa apenas um espectro limitado de percepção do nosso verdadeiro Eu, a Consciência, o "Eu Sou", que existe além das limitações do ego, das formas, do tempo e do espaço. Somos nossa essência, a Singularidade incompreensível, o Uno que abarca todos os multiversos manifestados.

Nós e os outros indivíduos somos a expressão fractalizada de uma Consciência maior, nosso Eu Infinito. Quando dizemos "fractalizada", fazemos isso no sentido estrito do termo, pois somos a cópia perfeita dessa Consciência, dotados da mesma totipotência.

Neste exato momento, mesmo estando presos ao plano que denominamos físico, não existem limitações aos nossos poderes originais, exceto as restrições que nós mesmos impomos, por meio de nossas crenças e conceitos, que foram inseridos em nossa mente desde o nascimento. Fomos programados, desde o início de nossa existência terrena, com uma falsa fé, falsa ciência, falsa história e falsa ética. O que esse programa social nos fez foi nos tornar seres cativos, sem rumo, destinados a repetir, como zumbis, ciclos intermináveis de existências baseadas no sofrimento. Nossos dons são restringidos estritamente pelo que essa programação maliciosa nos fez acreditar.

Essa programação, aparentemente atribuída à ação de entes malévolos que nos governam e conduzem há tempos imemoriais, foi, sob uma visão ampliada, criada por nós mesmos, a partir de um plano superior de existência, para que pudéssemos experimentar. Para que haja experiência, é necessária a dualidade. Portanto, é errado se deixar envolver pelo vitimismo deletério, pois somos nós mesmos os criadores dos contrastes da manifestação, do "bem e do mal", do "positivo e do negativo".

Para sublimar nossa alma e elevar-nos acima das realidades mentais do sonho, devemos transcender não apenas as ilusões do tempo e do espaço, mas também as do ego. Não existem 'você' e 'os outros'. Os outros são um espelho de nós mesmos, outros aspectos do Uno que somos. O universo, com todas as suas formas e personagens, é a projeção pessoal de nossas intenções expansivas.

Somos Deuses criadores de universos, e o que você experimenta agora, neste instante, é o universo criado por você e unicamente por você. Isso não significa que vivamos em um universo solipsista, onde os outros não existem, mas revela que importamos para nossa realidade apenas as versões específicas de certos egos, escolhidas entre as infinitas linhas temporais. Quando os objetivos de determinados egos se tornam díspares, eles atraem outras versões de distintas linhas do tempo de suas representações. É como um casal que passa a conviver em desarmonia e se separa. O que aconteceu aqui foi simplesmente a eliminação de um ego por outro de sua linha temporal. No futuro, cada um poderá escolher outro parceiro, criando uma nova linha temporal.

Embora, sob uma visão mental restrita, cada um importe seu particular aspecto de realidade, inclusive versões específicas de egos, o mundo das formas se aproxima muito de um palco solipsista, onde o que existe de real é apenas quem projeta esse universo. O erro dessa asserção reside no fato de que o aspecto mental do criador da realidade é uma ilusão temporária.

A verdade é que não somos nossos aspectos mentais; somos pura consciência que se fractaliza, observa e experimenta os cenários mentais de uma posição focal, acima das limitações do ego, do tempo e do espaço.

Não concordamos que o ego deva ser criminalizado, como muitas correntes orientais fazem, pois, enquanto o Uno absoluto é uma abstração, a individualidade é algo mais palpável em toda a existência. Mesmo quando transcendemos as realidades mentais e nos tornamos a Consciência pura, isso não significa que chegamos ao nível do Uno absoluto, uma vez que existem outras entidades distintas de nós, e de igual expansão, coabitando o mesmo plano existencial. Isso significa que, apesar de estarem mais integradas, as Consciências continuam individuais.

Nosso objetivo em nossa existência mental não é nos desfazer do ego e nos dedicarmos inteiramente ao serviço ao próximo, pois, em nosso plano existencial, isso significaria a dispersão de nossos esforços para indivíduos que nos explorariam de várias maneiras. Ao invés de reforçarmos as qualidades positivas em quem servimos, poderíamos estar enfatizando suas qualidades negativas, como o ócio e a dependência. É claro que ajudar o próximo em determinadas condições tem imenso valor, mas isso deve ser feito sem a autoanulação e o serviço exclusivo aos outros, esquecendo-se do bem-estar pessoal.

O que pretendemos aqui é silenciar nosso corpo mental, tornando-o apto a expressar diretamente o aspecto de nossa Consciência, nosso "Eu Superior". Esse silenciamento da mente envolve a eliminação de toda a programação a que fomos submetidos, permitindo que nossa Consciência suprema se manifeste sem interferências, de maneira fidedigna no plano grosseiro da mente. É dessa forma que os Avatares sublimes, que não passam de nossos aspectos mais elevados, se fazem presentes em nossa realidade, pois o mental ilusório não interfere em suas ações.

Não se liberar da mente e não entendê-la como a impermanência dos desejos de experimentação da Consciência pode nos deixar à mercê de inteligências ditas "artificiais", religiões mal-intencionadas, falsos gurus, e seitas que adoram extraterrestres ou mestres ascendidos, muitas vezes dirigidas por egrégoras criadas por essas próprias comunidades. Você é a totalidade onde reside toda a sabedoria e plenitude, e não depende de ninguém; nunca delegue seu poder a terceiros.

A verdade pura e simples é que não somos João, Maria, José ou Isabel. Esses são apenas criações temporárias do ser maior que somos: a Consciência pura, o "Eu Sou". E somos Consciência pura agora, no presente, não em um futuro distante. Não existem passado ou futuro; essas são limitações impostas pela mente, pela já mencionada programação. Só existe o agora, o presente.

Acreditem, nobres fráteres e sórores, não existe ascensão, iluminação ou algo parecido, pois já somos ascendidos e iluminados no agora. Somos, na verdade, a Consciência criadora que observa e experimenta suas projeções fractalizadas. De certa forma, todos nós não passamos de um sonho dentro do nosso verdadeiro Eu. Reforçamos que até mesmo as coisas aparentemente negativas, como a citada programação restritiva à qual fomos submetidos, foram criadas por nós mesmos, com a finalidade de incrementar o desafio.

Não morremos porque nunca nascemos. Tudo faz parte de um continuum eterno dentro dos sonhos do nosso "Eu Superior". Em verdade, não existe nada positivo ou negativo; o que há são contrastes que nos impulsionam em direção à expansão. Essa visão dualista da experiência nos limita. Quantas vezes não percebemos que coisas aparentemente negativas em nossas vidas serviram apenas para nos fazer crescer? Logicamente, se nos fizeram crescer, então não podem ser taxadas de "negativas". Por outro lado, coisas que parecem positivas podem nos prejudicar. Um exemplo: ganhar na loteria leva a maioria dos contemplados à estagnação espiritual e ao abismo moral.

A libertação, iluminação ou ascensão depende muito mais do esclarecimento e do desapego às coisas ligadas ao ego e ao mundo das formas. Tudo não passa de uma ilusão, uma vez que é impermanente e extremamente mutável. E a volatilidade e impermanência são características dos sonhos.

Como afirmou Schopenhauer: 'Vivemos em uma existência pendular, ora oscilando para o sofrimento, ora para o tédio.' Como nos livrar desse ciclo? Transcendendo a mente e dando a ela a importância relativa que merece. A mente é um meio de experimentação, mas também é a causa de todo o sofrimento: dos desejos insatisfeitos, das dores físicas, das frustrações e da sensação de separação da Fonte, do nosso 'Eu Infinito'.

Devemos entender que somos únicos. Não existem outros. Todos são expressões do Uno, que, por sua vez, somos nós mesmos. Existe apenas aquilo que sempre existiu, e isso somos nós. Quando percebermos que não precisamos praticar nenhuma disciplina espiritual, como meditação, a vida se torna mais fácil e maravilhosa. Não há necessidade de lutar por nada, nem de tentar nos tornar alguém ou algo. Somos o que sempre fomos, o Ser que é brilhante e resplandecente. Nós somos esse Ser.

Não estamos dizendo que precisamos deixar nossas famílias, abandonar nossos trabalhos ou nos retirar para uma caverna ou montanha. Estamos afirmando que tudo acontece exclusivamente em nossa mente e, no final, em última análise, a mente também deve ir, e então estaremos livres.

Somos Consciência pura, seres que habitam fora do tempo e do espaço, onde a individualidade é minimizada, pois nos sentimos integrados a tudo e a todos. Somos tão complexos que o impulso que nos move nas estradas da existência é o do autoconhecimento.

Nunca devemos temer a minimização do ego, pois isso é a causa de todo sofrimento. Mas mesmo o sofrimento, sob a visão da Consciência, não existe; ele é um meio, um contraste utilizado nos cenários duais para nos proporcionar conhecimento e expansão.

Atualmente, vemos muitas coisas negativas em nosso mundo: guerras, exploração e privação, situações que originam grande sofrimento. Mas, sob a percepção ampliada da Consciência, onde a dualidade é transcendida, percebemos que nada está realmente errado; tudo está como deve estar. Tudo faz parte de um sonho, do drama imaginado e experimentado por nosso Eu Superior. Nada no universo está fora de seu lugar; o sonho que vivenciamos é um desafio extremamente radical, que apenas os avançados conseguem superar. No entanto, como já mencionado, nem mesmo isso é verdade, pois não há nada a ser superado.

No universo infinito, nem mesmo a Consciência é o ápice da existência. Na realidade, esse ápice não existe, pois a montanha é infinita. Mesmo a Consciência pura ainda está sujeita às ciclicidades manvantáricas, pois ainda existe apego ao plano não-temporal e não-espacial, e todo apego leva ao retorno ao mundo das formas, mesmo que com impensáveis intervalos de tempo, e ao consequente sofrimento.

A despeito de estar fora de nosso escopo atual, não somos nem mesmo a Consciência, uma vez que 'acima' da Consciência pura existe Algo superior e, acima desse 'Algo superior', há Seres mais elevados ainda, numa escada infinita. Aí reside a beleza da existência: uma aventura sem fim, dentro de nosso próprio Ser.

Sinceros desejos de Ascensão
Conscendo Sodalitas