O Perigo das Miragens

Esperança e Ilusão


Saudações aos fratres e sorores da Conscendo,

"Cuidado com os oásis que nunca se aproximam - eles são espelhos d'água pintados em seus próprios olhos..."

Permitam-me contar sobre os oásis que nunca se aproximam. Aquelas águas cintilantes no horizonte da consciência que fazem o coração acelerar - só para descobrirmos, ao chegar perto, que eram apenas areia refletindo nossos próprios desejos. Vocês vieram a este plano terreno precisamente por sua capacidade de distinguir a água real dos espelhos d'água, mas saibam: até os mais sábios tropeçam em miragens.

Neste exato momento, enquanto seus olhos escaneiam estas palavras, incontáveis mensagens pipocam na grande rede ilusória da internet - cada uma prometendo o que seu coração mais anseia. "A Ascensão será no próximo equinócio!" garantem alguns. "O sistema financeiro entrará em colapso em duas luas!" juram outros. "Os irmãos das estrelas pousarão no estádio do seu bairro!" E por trinta anos ou mais, essas profecias vêm e vão como marés em praias imaginárias.

No início, elas trazem um alívio doce - como quando, no deserto, a primeira visão de palmeiras ao longe ameniza a dor nos pés. Mas passam-se os dias, e o oásis permanece sempre à mesma distância. A esperança, que deveria ser o vento em nossas velas, transforma-se no peso que nos ancora à areia movediça da expectativa.

Aqui jaz o perigo mais sutil: enquanto esperamos pelo grande evento que nunca chega, deixamos de notar os pequenos milagres cotidianos que são os verdadeiros degraus do despertar. Tornamo-nos como aqueles fiéis que adiam toda felicidade para um futuro fictício, desperdiçando o sagrado presente que lhes foi dado para cultivar o céu aqui e agora.

Não se enganem - este é um campo de batalha, não um jardim de delícias. Por trás dos hinos new age de "paz e amor" que não exigem transformação interior, escondem-se as mesmas armadilhas das religiões dogmáticas: a promessa de salvação sem esforço, de iluminação sem vigília, de libertação sem responsabilidade.

Mas eis o segredo que as miragens não querem que vocês descubram: a verdadeira mudança nunca virá de fora. Seu Eu Infinito já conhece o caminho, e ele não está marcado em calendários, nem depende de revelações externas. Está gravado no ritmo de sua respiração, no brilho de sua presença, na coragem de seu coração quando elege viver como se o céu já estivesse aqui - porque em certa medida, está.

Portanto, deixem as profecias para os profetas. Seu trabalho é mais simples e mais profundo: acordar cada manhã e perguntar não "Quando virá a transformação?", mas "Como posso ser mais verdadeiro hoje?". Regar não a semente da expectativa, mas a da expressão autêntica. Andar não em direção a horizontes distantes, mas em círculos cada vez mais amplos ao redor de seu próprio centro - até descobrirem que o deserto inteiro era apenas um espelho do seu interior não explorado.

E quando isso acontecer - não em alguma data marcada por astrólogos, mas no instante silencioso entre duas respirações - vocês compreenderão que as únicas miragens perigosas eram as que prometiam que a jornada terminaria algum dia. Pois a verdadeira meta era sempre o caminhar.

Sinceros desejos de Ascensão
Conscendo Sodalitas