O Jogo da Existência
O Caminho do Meio
Saudações aos Fratres e Sórores da Conscendo,
Sob a visão monádica expandida, o universo, com suas infinitas realidades, encontra-se sempre em perfeito equilíbrio, como referido na última de nossas publicações. A expressão fractalizada daquele que, por meio dessa perspectiva intuitiva e abstrata, é Uno e Indefectível, não pode corromper a harmonia de Quem lhe deu origem. Nós somos parte dessas fractalizações, paradoxalmente separados e, ao mesmo tempo, unos à Consciência da qual proviemos.
Como expressões da Fonte perfeita, somos, em nossa essência primordial, igualmente perfeitos. Essa verdade, no entanto, parece distante ou mesmo falsa aos nossos instrumentos mentais, pois eles interpretam a realidade através do véu da dualidade e da separação – que, como veremos, tem sua função no jogo existencial. Ainda assim, o princípio se mantém: nada originado na consonância absoluta pode ser fundamentalmente desprovido das qualidades dessa mesma essência.
Enfatizamos que não somos essencialmente os personagens que interpretamos e sim algo maior: a Consciência, ou seja, o autor que criou tudo – todos os personagens e todos os cenários.
Sob visão ampliada, incorporamos incontáveis personagens temporários e perfeitos, que interpretam o jogo da dualidade no grandioso cenário universal. Nossos defeitos de personalidade, portanto, são ilusórios e constituem parte integrante da peça encenada no palco existencial. Sem o antagonismo necessário, sem essa dualidade, não haveria peça a ser encenada, nenhum drama a ser vivenciado.
Essa linha de pensamento poderia nos levar à conclusão de que, sendo já perfeitos como a Fonte da qual proviemos, não há nenhuma valia no jogo divino de Lila. Trata-se, porém, de um raciocínio equivocado.
Tal ideia pode incentivar a inação e o afastamento voluntário da realidade experimentada. Seria como assistir a uma peça teatral em que todos os atores se sentassem, permanecendo mudos e imóveis durante todo o evento. Se a iluminação verdadeira nos conduzisse a essa inação, não haveria dramas a serem vivenciados, nada a ser experimentado.
Tudo no universo se alinha com a natureza da Fonte, ou seja, com a nossa própria. É inerente a essa condição a manifestação dual, a criação de infinitos mundos e planos de existência. Assim, não seria lógico adentrar uma realidade apenas para se postar indiferente a ela. Disso concluímos que, uma vez aceito o desafio, ele deve ser vivido e experimentado.
Entretanto, surge uma questão inevitável: e se o propósito último fosse, de fato, a inação, a dissolução de toda dualidade e a elevação das consciências para além do tempo e do espaço?
A solução para esse dilema não reside em escolher entre agir ou não agir, mas em compreender que ambos são faces da mesma moeda cósmica. O Caminho do Meio, portanto, não seria nem a inação, com a negação da participação ativa na peça, nem a incorporação da ilusão de que ela é tudo, mas uma dança consciente entre os dois – participando do drama com a plena consciência da unidade que o sustenta, entendendo que, ao final, todos os atores despertarão, reconhecendo-se na mesma Fonte de onde emergiram.
O propósito da existência não é escolher entre ação e inação, mas reconhecer que ambas são fases de um mesmo ciclo. A dualidade é um pátio de recreio para a Consciência, um espaço onde ela se experimenta no esquecimento. O reconhecimento do fractal na unidade, no não-tempo e não-espaço, não é uma negação da experiência, mas sua culminação. Em outras palavras, a peça teatral tem um início, um meio e um fim. Os atores podem atuar com paixão e propósito durante o espetáculo, mas, ao final, todos reconhecem o mesmo paradoxal palco vazio e pleno, onde não há mais papéis a interpretar.
O Caminho do Meio que propomos é uma síntese entre esses extremos. O verdadeiro caminho não é a imersão total na ilusão da separação, esquecendo a unidade à qual pertencemos, nem a rejeição completa da experiência, na inércia e na negação do valor do drama. Em vez disso, é um estado de consciência em que se age no mundo, participando ativamente do jogo, enquanto se mantém a conexão com a unidade subjacente. É o Wu Wei do Tao, onde o fractal passa a representar a Consciência diretamente no mundo das formas.
O mundo das formas continua, o pote de água continua a ser carregado e a madeira recolhida, mas agora sob nova percepção do sonhador que, ciente do sonho, trata de torná-lo o mais belo possível.
O jogo existencial, examinado sob as faculdades ampliadas, não possui um objetivo definido, pois objetivos implicam transições de um estado a outro – algo que perde sentido no plano da unidade perfeita, sendo apenas parte da natureza expressiva intrínseca da Fonte, do jogo cósmico de Lila. Entretanto, quando observado pelas ferramentas mentais, isso soa contraditório: nesse nível, a dualidade se faz presente simulando uma progressiva evolução, impulsionando todos rumo ao amor, à harmonia e à união e, finalmente, ao despertar. Sabedoria, amor e intuição são a radiação natural do “Eu Sou” quando não mais totalmente obscurecidas pelo véu do personagem. Já a identificação com aspectos antagônicos fortalece esse véu, fazendo o personagem viver na ilusão do afastamento — uma ilusão necessária e perfeita para o drama que se desenrola.
O despertar, a iluminação ou o autorreconhecimento na unidade da Fonte não são um evento em massa que altere de uma só vez a matrix mental e o drama da existência. Pelo contrário, é um processo individual, um chamado interior que cada personagem responde em seu próprio tempo e ritmo. Enquanto houver atores no palco universal, interpretando seus papéis com paixão ou luta, a peça continuará. O Caminho do Meio, assim, reside em abraçar plenamente o papel que nos coube – com seus conflitos e alegrias – enquanto mantemos viva a lembrança da unidade que nos une a todos. É na tensão entre esses dois polos que se dança a existência, jogando o jogo com a sabedoria de quem sabe que a peça toda e o Dramaturgo são um só.
Na eternidade do Eu Sou,
Com Sinceros Votos de Despertar,
Conscendo Sodalitas

Introdução à Conscendo
Quem Somos
Nós?

O Silêncio da Mente
A Conexão Com
Nosso Eu

O Perigo das Miragens
Esperança e
Ilusão

A Armadilha Dourada
da Ingenuidade
O Hopium

Karma: O Jogo que Levamos
a Sério Demais
A Ilusão do Karma

A Arte de Não Chegar
A Valsa do
Ouroboros

Ode ao Sonho Divino
A Sagrada Embriaguez
das Formas

O Teatro Imóvel
Quando o Observador é
a Única Realidade

O Ego e a
Testemunha Eterna
As Palavras e o Indizível

Samsara e
Pseudomorte
Os Ciclos da Ilusão

O Reconhecimento na
Unidade Plena
Os Labirintos Sem Fim da Forma

A Igualdade das
Máscaras da Fonte
A Santidade de Todas as Expressões

O Paradoxo do
Solipsismo Compartilhado
O Reconhecimento na Unidade

Os Laços
do Coração
Espelhos do Eu Sou

O Jogo da
Existência
O Caminho do Meio

A Intuição, A Mestra das
Mestras
A Ilusão da Expansão

Ode ao Meu Planeta
O Jardim do
Meu Despertar

Além do Vazio
A Consciência
Primordial

Despertando o Mestre
Interior
A Importância da Autossuficiência

Meu Espelho
Mensagem de Você
para Você

Rompendo as Camadas da Matrix
O Despertar da Consciência

Acima das Tormentas
Mentais
Transcendendo Toda Ilusão

Os Voluntários
Lendas dos Humanos do
Século XXI

O Objetivo Existencial
Nós, Deus, a Fonte e o
Objetivo Existencial

Realidade Atual
Nenhuma Sociedade quer que Sejas Livre

Escapando da Armadilha
Escapando da Armadilha da Reencarnação - por Alex Collier