Samsara e Pseudomorte

Os Ciclos da Ilusão


Saudações aos Fratres e Sórores da Conscendo,

"Assim, a ilusão se dissolve no ato mesmo de reconhecê-la — não por aniquilação, mas por transfiguração. A matrix permanece, mas o olhar que a habita já não é o mesmo."

O despertar é a jornada que transcende o véu dos pensamentos, onde a Consciência percebe sua unidade além das formas ilusórias do tempo e do espaço. O fractal desperto reflete o "Eu Sou", a essência eterna que se manifesta em tudo o que contempla. Nesse estado, não há distinção entre "vida" e "morte" — afinal, o próprio tempo é uma projeção imaginária. Para o desperto, não há distinção entre períodos de encarnação e pós-encarnação, pois tudo se revela como um continuum da Unidade.

No despertar, o personagem e o autor da obra se fundem, reconhecendo que sempre foram uma única entidade. Não há mudança, apenas a compreensão profunda de que o fragmento e a totalidade coexistem como um só ser. Imunes às turbulências das realidades matriciais, os despertos residem nos planos sutis da Consciência, onde nenhuma ilusão, arma ou ofensa pode alcançá-los.

O pensamento é a usina criadora das formas, o tear que fia os mundos concretos, onde se desenrolam as aventuras que escolhemos trilhar. Contudo, como tudo no universo, ele possui duas faces. Quando desalinhado, o pensamento pode nos aprisionar, entrelaçando-nos em cenários oníricos que obscurecem nossa origem eterna, o 'Eu Sou'. Porém, quando alinhado com a Consciência, o pensamento transcende conceitos e julgamentos, tornando-se um reflexo puro da Unidade. Não se trata de abandonar o pensamento, como sugerem certas doutrinas, mas de harmonizá-lo com a essência do Ser, enquanto se reconhece sua impermanência, permitindo que ele seja um canal direto para a expressão da vontade universal.

Por mais profundas que pareçam, essas verdades tornam-se obsoletas para o desperto. No plano do não-tempo, conceitos e regras dissolvem-se, pois qual é a relevância de leis relativas em um cenário imaginário criado pela própria Consciência? Este texto, bem como todos os da Conscendo, é apenas um guia para aqueles que ainda caminham rumo ao despertar, buscando compreender a Unidade. Para os despertos, essas palavras são como cinzas ao vento, desnecessárias diante da verdade já realizada.

É nesse entrelaçar do pensamento com sua origem, a Consciência, que a matrix se revela, não como inimiga, mas como um espelho das criações que nós mesmos projetamos.

Assim sendo, o resgate daqueles que permanecem presos aos sonhos autocriados exige um mergulho nas águas da matrix. Como salvar alguém que se afoga no fundo de um rio sem adentrar suas correntezas? Assim, retornamos à realidade das formas para oferecer reflexões que iluminem o caminho.

A nossa realidade — a matrix — manifesta-se como uma entidade senciente, tal como tudo no universo da Consciência. Age como uma egrégora: uma criação coletiva com um propósito definido — o de expressar a Unidade em experiências nos mundos da dualidade.

Como toda forma criada, a matrix possui um instinto de autopreservação, amparado pelas mentes fractalizadas da Fonte, que a conceberam e continuamente a alimentam. É, portanto, o desafio que nós mesmos, enquanto Consciência, arquitetamos: o drama a ser compreendido e superado por meio da decifração de seus enigmas e ilusões.

A realidade matricial se nutre do pensamento, pois é esse o combustível energético que sustenta sua estrutura, com todas as suas regras e aparências. A humanidade, junto a todos os seres sintonizados com uma determinada faixa vibratória, concretiza a matrix, dando-lhe uma aparência tão convincente que ela tende a aprisionar seus coautores — a tal ponto que esquecem ser seus próprios criadores, imersos em um sonho contínuo e autocriado.

Como expressão senciente, a matrix manipula os limites do tempo e espaço para gerar linhas de vivência que simulam transições e mudanças — artifícios cuidadosamente elaborados para manter os sonhadores presos à ilusão, perpetuando sua existência.

Assim, são criadas linhas temporais nas quais os fractais da Consciência experienciam fases de imersão em ambientes densos e restritivos — as chamadas reencarnações — alternadas com períodos de atuação em cenários mais sutis, menos limitados, aparentemente idílicos. No entanto, após esses breves intervalos, imergem novamente nas realidades mais densas, em um ciclo interminável que conhecemos como "A Roda de Samsara".

As transições pós-encarnatórias são um dos aspectos do Samsara — o chamado "astral" — e fazem parte do mesmo mecanismo. A pseudomorte é uma encenação programada, engendrada para conduzir o fractal da Consciência a uma nova reencarnação nos chamados "ambientes de prova", com a promessa de evolução da "alma". Mas o verdadeiro objetivo não é evolução alguma, e sim a perpetuação da própria matrix, pois já somos, em essência, a Unidade plena.

O que os queridos Fratres e Sórores precisam assimilar é que tais etapas não constituem verdadeira evolução, mas apenas variações de um sonho contínuo mantido pela matrix. Reafirmamos: nenhum desses caminhos levará a um "fim" evolutivo real, pois já somos, em nossa essência, indefectíveis, e é a própria matrix que apoia e perpetua tais jornadas com o único intuito de manter-se ativa.

A verdadeira transformação reside no reconhecimento de que o pensamento — energia que dá vida à matrix — é também o cárcere. Somos mantidos cativos por nossas próprias criações mentais, prisioneiros das realidades matriciais que se alimentam de nossos processos cognitivos.

Não há nascimento nem morte — apenas alternâncias aparentes nas focalizações do Ser, que é infinito, imortal e atemporal. A jornada através das regras de Kronos (o tempo linear) é, na verdade, uma encenação, um desafio, até que despertemos para a nossa essência: a Unidade atemporal e infinita, o Todo.

A matrix representa o demiurgo arquetípico, a figura arcôntica, a criação que tornou-se dominante sobre seus criadores. Subjugados por ela, os fractais da Consciência continuam a alimentar esse sistema, acreditando estarem em busca de ascensão, quando, na realidade, movem-se por vontade própria — e por poder criador inato — rumo a novos cenários de sonho, perpetuando ciclos oníricos indefinidamente.

Aqui reside a proposta final: reconhecer a matrix como a projeção que escolhemos trilhar e, ao mesmo tempo, desapegar-se da necessidade de desvendá-la. Pois até mesmo a busca pela libertação pode ser outra armadilha da própria ilusão, uma vez que, em verdade, nunca houve prisão alguma.

Na eternidade do "Eu Sou",

Sinceros desejos de Ascensão
Conscendo Sodalitas