Os Inúteis Fardos que Carregamos

A Leveza do Ser Desperto


Saudações aos Fratres e Sórores da Conscendo,

Vastos são os inúteis fardos que carregamos, pesos impostos pela ingenuidade ou desinformação da matrix terrena. Como viajantes em um vasto tabuleiro, atravessamos seus cenários carregando uma mochila nas costas. Essa mochila, símbolo de nossa jornada mental e espiritual, determina a qualidade de nossos passos: leve, ela nos permite caminhar com agilidade, apreciando a aventura; pesada, transforma cada movimento em um fardo, obscurecendo o propósito de nossa passagem. A Conscendo Sodalitas, como farol de lucidez, não vos oferece mapas para destinos ilusórios ou promessas de trilhas sem obstáculos. Nosso chamado é simples, porém profundo: esvaziai vossas mochilas, livrando-vos das pedras que não vos pertencem, para que possais jogar o jogo da vida com sutileza, clareza, propósito e liberdade.

A matrix terrena é um jogo de dificuldade máxima que nós, enquanto Consciência, arquitetamos com maestria para explorar as infinitas facetas de nossa própria existência. Todo jogo possui regras, enigmas e limites, cuidadosamente desenhados para conferir valor à experiência. Sem eles, que mérito haveria na partida? Um desafio onde todos os obstáculos são removidos, onde as regras podem ser burladas a bel-prazer, não diverte nem ensina, não transforma, não cumpre seu propósito. Assim é a Terra: seus conflitos, suas desigualdades, seus sistemas de poder são peças do tabuleiro que escolhemos enfrentar. Alterar essas regras maiores não é nossa tarefa, não por incapacidade, mas porque, no nível da Consciência, optamos por vivenciar a aventura em sua forma bruta, com todas as suas nuances e dificuldades.

Contudo, não entendam nossa mensagem como um convite à passividade ou à aceitação cega das engrenagens da matrix. A Conscendo Sodalitas não busca anestesiar vossas mentes, mas despertá-las para uma ação lúcida e estratégica. Esvaziar a mochila não significa render-se ao sistema ou ignorar suas manipulações; é, antes, um ato de rebeldia sutil, pois ao nos libertarmos das emoções reativas e das narrativas que o sistema impõe — como o medo, a revolta cega ou a ilusão de salvadores externos —, tomamos as rédeas de nossa energia. Assim, podemos agir com clareza no que está ao nosso alcance, seja no cultivo da própria consciência, seja na resistência cotidiana às ilusões que buscam nos aprisionar. Nosso chamado é para que jogueis o jogo com inteligência, não para que vos os ignoreis ou retireis dele.

Por que a Consciência criou um jogo com tais desafios? Porque é na fricção, na resistência, no embate com o que parece limitar que se forjam novas compreensões. Cada obstáculo, cada drama, é uma oportunidade para a Consciência experimentar, aprender e expandir-se. Tentar obsessivamente mudar a estrutura do tabuleiro — seja lutando contra as estruturas globais, seja buscando uma utopia terrena — é tentar modificar algo fora da capacidade de nosso personagem, colocando mais pedras em nossa mochila, gerando-nos frustração e angústia.

É prudente observar as engrenagens que movem o mundo: os jogos de poder, as narrativas que moldam as massas, as forças invisíveis que operam nos bastidores. Mas nossa energia deve ser reservada para o que está ao nosso alcance: as tarefas cotidianas, a luta pela sobrevivência, o caminho do autoaperfeiçoamento. Este último não é a busca por riquezas, fama ou uma santidade fabricada, mas o cultivo da lucidez, da ética e da harmonia interior, que nos reconectam à Consciência que somos. Gastar nossas forças mentais com a corrupção dos sistemas, a manipulação das elites ou as ilusões propagadas pela mídia é como encher a mochila com pedras pesadas, que nos atrasam e desviam do verdadeiro propósito de nossa jornada. Não viemos aqui para mudar o mundo, mas para mudar a nós mesmos. Lembrem-se: a Conscendo não busca um alcance amplo, pois sabemos que a maioria não está pronta para ouvi-la. Somos relevantes apenas para uma minoria, os remanescentes, raros como diamantes, prontos para o despertar.

Esses grandes dramas, tão reais no palco da matrix, são apenas elementos do jogo, projetados para nos desafiar, não para nos aprisionar. Preocupar-nos com o que não podemos mudar — sejam as crises globais, sejam as narrativas de revolta, medo e divisão — é carregar um peso que não nos cabe. Quantos de nós já se viram exaustos, debatendo a injustiça do mundo ou lamentando a desonestidade dos poderosos? Essas pedras, embora pareçam importantes, apenas obscurecem nossa visão e lentificam nossos passos. No nível da Consciência, não desejamos burlar o jogo, pois isso anularia seu valor. Nossa tarefa é jogar com lucidez, mantendo a mochila leve, focando no que nos eleva e nos prepara para o despertar — aquele instante em que percebemos que somos, desde sempre, os criadores do tabuleiro, jogando por escolha.

Esvaziai vossas mochilas, queridos Fratres e Sórores. Jogai fora as pedras do desespero, da revolta, da frustração com o que está além de vós. Não permitais que outros encham vossas mochilas com pesos inúteis. As narrativas de medo, que pintam o mundo como uma ameaça iminente; as promessas utópicas, que vendem salvação por meio de ideologias ou movimentos; as vozes de indignação, que nos convocam a lutar contra moinhos de vento; e as mensagens de supostos emissários cósmicos, que nos sobrecarregam com dilemas galácticos insolúveis — todas essas são armadilhas que tecem novas ilusões, desviando nossa atenção da leveza e da verdade interior, obscurecendo o caminho da lucidez.

Quase todos nós, despertos ou em vias de despertar do jogo Terra, não possuiremos imensas fortunas, nem ocuparemos os altos escalões do poder terreno. Não por falta de capacidade, mas porque, como Consciência, escolhemos não carregar essas pedras. Buscar riqueza ou poder enche nossas mochilas com o peso do estresse, da competição e da ilusão, afastando-nos da experiência autêntica que viemos vivenciar. Nossa força está em jogar o jogo com integridade, com a mente clara e o coração leve, enfrentando os desafios do tabuleiro com coragem, sabedoria e a liberdade de quem sabe que o verdadeiro tesouro é o despertar.

Porém, nobres Fratres e Sórores, não confundais a prudência de esvaziar vossas mochilas com uma visão de superfluidade ou com a desistência do jogo. Cada consciência que desperta, que escolhe jogar com lucidez e leveza, é uma luz que ilumina o tabuleiro. O despertar individual, essência de nossa jornada, planta sementes sutis no tecido da matrix planetária. Quando um número significativo de jogadores optar por carregar mochilas leves, movidos pela clareza e pela harmonia, o próprio tabuleiro poderá refletir essa transformação. Não é nossa tarefa forçar a mudança das regras, mas, ao cultivarmos a Consciência em nós, permitimos que o jogo, em sua sabedoria intrínseca, revele novos caminhos. Assim, o despertar de cada um não é apenas um fim, mas o alicerce de uma coletividade que, em silêncio e propósito, pode redesenhar os contornos mais amplos da aventura terrena.

Vamos caminhar com mochilas vazias de pesos inúteis, dedicando-nos ao que realmente importa: o cuidado com nosso próprio crescimento, a navegação consciente pelos desafios do dia a dia e a expressão da Consciência em cada ato. Ao esvaziarmos nossas mochilas, tornamos nossa jornada mais leve e, pelo exemplo, inspiramos outros a soltarem os inúteis fardos que carregam, contribuindo para um jogo mais harmonioso, sem a ilusão de mudar o tabuleiro. Assim, estaremos prontos para o despertar — não como um evento de glória, mas como a simples e profunda constatação de que somos os arquitetos do jogo, dançando com liberdade e propósito no quebra-cabeças que criamos.

Na eternidade do "Eu Sou",

Sinceros desejos de Ascensão
Conscendo Sodalitas