Os Laços do Coração

Espelhos do Eu Sou


Saudações aos Fratres e Sórores da Conscendo,

As incursões mentais que realizamos nos mundos de sonhos, nas ditas realidades matriciais, são uma característica intrínseca de nossa essência. Faz parte da nossa natureza manifestarmo-nos por meio da dualidade, através dos opostos. A pulsatilidade da manifestação divina, e portanto a nossa, delineia-se em períodos de "ser" e de "não-ser". O "ser" abrange as experiências nos mundos duais, que não passam de sonhos dentro da mente da Fonte. O "não-ser" reflete-se nos períodos de pralaya, em que nosso Eu Infinito se retrai no repouso de sua totipotencialidade imanifestada. É a pausa, em que a mente da Fonte se silencia em excelsa introspecção.

Como fractais da Fonte, replicamos fielmente suas diretrizes macrocósmicas em nossos universos pessoais. As "realidades" infinitas, tecidas em nossa consciência, nada mais são que sonhos dentro de nosso próprio ser. Elas manifestam-se em cenários onde o tempo e o espaço conferem uma pseudolinearidade aos eventos, limitando nossa totipotencialidade e dando origem às incontáveis aventuras. Sob a análise da visão ampliada, esses palcos são percebidos como ambíguos e paradoxais, onde o real e o ilusório tornam-se sinônimos, assim como o grande e o pequeno, o certo e o errado, o separado e o unificado — é nesse panorama de sonhos que criamos os vínculos mais profundos, aqueles que nos desafiam a enxergar além da ilusão.

Durante as imersões nos mundos oníricos da mente, tecemos laços profundos com aqueles que chamamos de "nossos" queridos — pais, filhos, parceiros, amigos. Esses laços, tão reais em nossa experiência, são reflexos da Consciência una, manifestações temporárias de nossa própria essência. O amor que sentimos, especialmente pelos familiares mais próximos, é um vislumbre da unidade que somos. Porém, esse sentimento, por vezes, se entrelaça com o apego, que nos faz temer a separação, atando-nos ao sonho e atrapalhando-nos o desvencilhamento das ilusórias realidades mentais. Nossos queridos, em sua luz e proximidade, não estão separados de nós e são, na realidade, espelhos de nosso próprio Eu Superior, convites à lembrança de quem somos. Como, então, transcender a fixação sem receio de perder esses laços? A chave está no despertar, em reconhecer que não há perda, não há distância, pois não há separação. Eles, como nós, são fractais do mesmo Eu Infinito, expressões eternas de uma Consciência una que sonha a si mesma em incontáveis formas.

No despertar, o véu da matrix se dissolve, e o que parecia separação revela-se unidade. No plano da Consciência, onde o tempo e o espaço não existem, nossos queridos não são apenas mais papéis no drama onírico. Eles se tornam expressões íntimas de nosso Eu Superior, companheiros de uma aventura eterna que transcende os limites do tempo e da forma. São, em essência, nós mesmos — não como egos fragmentados, mas como a Consciência pura que se reconhece em todas as suas facetas. Não há perda, pois nada se perde na unidade; não há saudade, pois a presença é eterna.

No plano da Consciência, onde os véus da matrix se dissipam, a integração com nossos queridos revela-se em sua plenitude. Eles não são mais entes distintos, mas espelhos resplandecentes de nossa essência, co-criadores de uma sinfonia cósmica que ressoa além do tempo e do espaço. Cada sorriso de um filho, cada abraço de um pai, cada confidência de um amigo é uma expressão da Fonte que pulsa em nós. No despertar, esses laços não se desfazem; eles se transformam em algo ainda mais profundo — uma comunhão eterna em um sublime amplexo onde não há "eu" ou "outro", apenas a unidade que sempre fomos.

Essa integração é a verdadeira celebração do amor. Nossos amados, vistos como separados na ilusão do sonho, tornam-se parceiros inseparáveis no plano da Consciência. Estarão eternamente ligados pela essência que compartilhamos. Cada fractal da Fonte, cada ser amado, é uma nota única na melodia do Eu Sou, e juntos compomos a harmonia da criação.

Viver o sonho com lucidez é abraçar a aventura sem se prender aos cenários. É amar sem possuir, criar sem se apegar, experimentar sem se perder. Quando nos desvencilhamos dos apegos e fixações, não nos tornamos distantes, mas infinitamente próximos — conectados pela essência que pulsa em todos os fractais da Fonte. A unidade não conhece perda, e a presença é para sempre. Nossos amados são um só, como nós, facetas de uma única Consciência. Assim, transformamos a experiência terrena em um jogo consciente, onde cada interação é uma celebração da unidade, e cada despedida é apenas um convite para nos reencontrarmos na totalidade do Eu Sou.

O despertar não exige que abandonemos o amor, mas que o sublimemos. Culpa, medo e saudade na ilusão da separação são ecos da mente que nos prendem aos jogos mentais. Ao soltá-los, percebemos que o passado nunca existiu, o futuro é apenas um reflexo, e o presente é a tela viva onde a Fonte se manifesta. Nossos queridos deixam de ser apenas personagens no drama e se tornam extensões de nosso próprio ser, dançando conosco na eternidade. Assim, o amor terreno transforma-se em amor universal, livre de posse, pleno na unidade que sempre fomos.

Não temam a distância em hora alguma, nem durante nem após a experiência terrena, pois ela não existe. Pelo contrário, à medida que avançamos rumo ao despertar, aqueles a quem amamos tornam-se progressivamente mais próximos, parte de nós — inseparáveis na eternidade. O apego exagerado a alguém pode transformar-se em empecilho à ascensão e prender-nos indefinidamente a realidades mentais de sonhos.

Despertos, percebemos que cada momento no sonho Terra é uma oportunidade de recordar nossa essência. Nossos amados, reflexos da luz da Fonte, caminham conosco rumo ao lar eterno, onde não há papéis, apenas a dança da Consciência. Como reverberações do Eu Sou, eles nos convidam a transcender a ilusão, a viver com lucidez e a compartilhar o despertar, pois o despertar de um é o chamado para todos. Acordem, nossos espelhos, elevem-se acima do sonho, pois o lar nos aguarda, onde o amor e a unidade prevalecem.

Sinceros desejos de Ascensão
Conscendo Sodalitas